irreparable dream
Sonhos de papel. @divineintention




posted : quarta-feira, 29 de maio de 2013
title : Aurea Mediocritas
         

Todas as histórias são sobre finais felizes, amores eternos, romances épicos, perdões e sorrisos. Essa é uma história diferente, uma história cheia de defeitos, singularidade, reflexões e lágrimas.

Eles eram totalmente opostos. Ela era séria, ele brincalhão. Ela amava com o coração inteiro, ele tinha vários espaços para serem preenchidos ainda. Eles se completavam.

E, na desventura poética de se viver, eles se encontraram. Eles se desentenderam, conversaram, se resolveram e brigaram outra vez. Eles não eram nada clichês, seus beijos públicos eram raros e seus pensamentos eram particulares e efêmeros.

Mas, mesmo assim, eles se completavam.

Na noite fria, ela se encolhia ao lado dele e ouvia seu doce cantarolar para afastar os pesadelos que a tempestade trazia. No silêncio seus olhares se comunicavam. Na luz seus abraços se uniam. No escuro seus corpos conversavam. Na troca de insultos, um beijo. Na violência de gestos, palavras.

Ele sabia exatamente o que dizer para que ela deixasse seu sorriso arrogante de lado e corasse, envergonhada, só para ele. Não havia nada mais sublime que aquele brilho nos olhos dela transmitindo amor, irradiando carinho e cuidado. Ele adorava fazê-la se sentir única.

Ela conquistou cada pedacinho do coração dele, preenchendo aos poucos. Ela amava imiscuir os próprios dedos naquele cabelo rebelde, pois sabia que ele ronronava como um gatinho satisfeito. Ela conhecia cada cantinho de sua mente, cada mania, cada defeito.

E foi em um dia chuvoso que esse amor ficou nublado, vazio, aos pedaços.

Há quem diga que um minuto pode mudar 23 horas e 59 minutos. Foi o que aconteceu.

Ela saiu correndo pela chuva que camuflou perfeitamente suas lágrimas de decepção, ele até chegou a persegui-la, mas ficou para trás. As palavras que trocaram foram como adagas afiadas, dilacerando todas as outras lindas palavras, versos, poemas e músicas ditas anteriormente.

O poder de um minuto.

Carregavam todos os dias o peso de um fardo, de um coração quebrado.

Será que dessa vez seria para sempre?

Eles se evitavam socialmente, mesmo que seus corpos estivessem gritando pela presença um do outro, pelos toques, pelas palavras de reconciliação. Ela pedia em seu sono uma chance para os dois. Ele passava as noites em claro planejando como faria para tê-la de novo em seus braços.

Foi naquele dia, no choque de seus corpos dentro do elevador do hospital. A mãe dela estava internada e, como conhecedora dos fatos e humana vivida, planejou para que os dois viessem visita-la no mesmo momento.

O que faríamos sem um empurrãozinho?

Seus olhos se conectaram quase automaticamente, podia se ouvir o som do clique. Ela esqueceu de onde estava e para que estava ali. Ele só se perguntava o porquê de terem demorado tanto para aceitar a realidade.

O destino sempre acaba os unindo. Ou as mães internadas, que seja.

- Se eu te perdoar, você vai fazer tudo outra vez. Não vai? – Ela questionou após sentir a aproximação dele, os andares passando numa lentidão estúpida.

- Não posso prometer não cometer erros, mas posso prometer estar sempre disposto a ajoelhar – Ele fincou um joelho no chão -...pegar a sua mão... – Segurou com delicadeza uma das mãos pequenas dela, que arfou em resposta -...e pedir desculpas.

Os olhos dela marejaram e ela se chutou mentalmente por ser tão fraca. Mas a vida faz de nós uns fracos, errantes e prepotentes, para que possamos perdoar e sermos perdoados.

- Hmmm – Ela também ajoelhou, nivelando seu olhar com o dele e sentindo seu coração saltar irregular dentro do peito – E eu posso prometer, quem sabe, sempre estar disposta a perdoar.

Eles trocaram um olhar carregado de significados, seus corações voltando aos lugares corretos.

E seus lábios se tocaram, tímidos e receosos, para depois reconhecerem a familiaridade e se deixarem levar.

- Os meus melhores beijos serão seus – Ela sussurrou colando a testa na dele, fazendo-o levantar e puxá-la no colo. Seus braços se fecharam ao redor dela, protegendo-a.

- Será que você pode prometer nunca mais fugir de mim, não importa o que eu diga? – Ele murmurou baixinho, ouvindo o soar do elevador chegando ao andar desejado.

Para aquilo ela não tinha resposta. E nem ele queria uma.

Os erros têm que existir para que possamos nos arrepender, para nos tornarmos ainda mais humanos. São os erros que nos fazem singulares e especiais.

São os erros que alimentam o amor, são as lágrimas que alimentam a esperança.

Sorrisos? Apenas brindes da felicidade.



E eles sabiam disso.

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posted : sexta-feira, 21 de dezembro de 2012
title : We are infinite.

Eu não sei se esse é o seu espírito no momento, mas é o meu. E irei expressá-lo.

Quantas vezes olhar o movimento das pessoas enquanto andam é banal? E o toque da pele ao apertar a mão, ou o calor de um abraço bem dado, o gosto de um beijo casto compartilhado, o sentimento de viver... Sentir-se infinito, sem peças espalhadas, sem meias palavras, sem fundo falso.

Ser.

Amar.

Derramar-se em um mar de carinhos, sentir as palavras sendo balbuciadas com os lábios, sorrir para os que menos importam e se entregar completamente para os que te fazem sentir vivo.

Viver.

Esperar atrás da porta para ouvir aquelas palavras escondidas que nunca deveriam ter sido ditas, refugiar-se no abraço materno, beijar as lágrimas dos consolados, sentir o perfurar das gotas de chuva na pele, abrir o forno que espalha o maravilhoso cheiro do bolo de laranja, comer biscoitos integrais para se sentir meio natural, andar de bicicleta e perceber o sedentarismo, cantarolar suas piores músicas no chuveiro, estourar os ouvidos com o fone azul que toca aquela letra perfeita, triunfar sobre aqueles que pisaram em seu coração, fazer os seus melhores amigos se sentirem as piores pessoas do mundo por não dividirem a barra de chocolate...

Agarrar.

Porque não existe nada no mundo melhor do que isso... Apertar, agarrar os amores da sua vida e querer guardá-los em um pote perto da sua prateleira de livros miseravelmente empoeirada... Ou simplesmente sorrir quando eles não estiverem olhando, pedir aquela coisa emprestada que nunca irá devolver, aproveitar da bondade, sentir os braços daquela pessoa te rodeando e nunca conseguir comparar aquele sentimento com nenhum outro...

E fazer.

E falhar.

E tentar outra vez.

E, finalmente, conseguir...

Porque nós somos o infinito.


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Nota: Escrevi isso após assistir ao maravilhoso filme "The Perks of Being a Wallflower" (As Vantagens de Ser Invisível), baseado no livro de mesmo nome. Assistam e leiam.
 Emma Watson estava incrível, e foi isso que eu senti. 

Eu me sinto infinita.



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posted : sexta-feira, 4 de maio de 2012
title : Now you do

Era possível alguém se apaixonar perdidamente por olhos dourados?


Melanie contestava-se há exatas duas semanas desde que colocou seus olhos chocolates nos dele. Aquela cor específica que a retraia, modificava as sinapses dos seus neurônios e fazia suas glândulas linfáticas trabalharem em dobro.

Seu coração? Fora perdido.

William Ginsberg estava a poucos metros da pequena garota que o admirava, com fones nos ouvidos e cantarolando alguma melodia animada. Melanie sorriu involuntariamente ao fitá-lo sem que ele percebesse, observando seu particular jeito de distrair-se nas horas vagas.

Ela logo sacudiu a cabeça e tirou seus olhos daquela linha perigosa. Tudo de que menos precisava era distração. Garotos significam distração exorbitante, ela já estava abalada por vários outros motivos, não precisava de mais um.

Voltou seus olhos ao livro que lia, ou fingia ler. Seus pensamentos insistiam em canalizar por outra linha de raciocínio.

Eles se conheciam a um tempo relativamente curto e trocaram poucas palavras significativas, mas o coração de Melanie disparava dolorosamente quando os olhos de William a atingiam por algum motivo cortês.  
   
Então naquela aula estranha da tarde ele sentou ao seu lado enquanto a fazia ficar desconfortável em sua cadeira. Ela apenas ajeitou seu braço para anotar algo em seu caderno colorido e sua pele roçou na dele, os pelinhos curtos dali ficando arrepiados com o contato.

Trocaram um breve e importante olhar. As bochechas de Melanie rosaram imediatamente.

Mas no final da aula, já era noite quando ela fazia a trajetória de volta para casa escutando folk rock pelos fones presos em seus ouvidos quando um deles fora puxado bruscamente. Ela ficou inicialmente assustada e então olhou para trás, seu coração falhando uma batida ao encontrar aqueles lindos olhos dourados.
Melanie sorriu timidamente até que ele soltasse um riso abafado pelos lábios e dissesse algo.

“Este não é lá um caminho muito confiável para uma garotinha estar andando à noite.” William se perdeu nos olhos chocolates de sua garota.

Sua garota. Ele gostava de como soava.

“Oh, sim” Exclamou Melanie ainda tomada pela vergonha.

Um pouco de silêncio, barulho de carros e cascalho depois.

“Hmm, então eu sou uma garotinha?” Ela fez uma careta adorável, Will sorriu torto observando como seu pequeno nariz se contorceu.

“É, sim. Ou pelo menos aparenta ser... Você entende, toda essa coisa de tamanho e tudo mais...” Ele apressou os passos para ficar ao lado dela, Melanie caminhava um pouco rápido demais para pernas tão curtas.

“Está me chamando de pequena?” Melanie riu.

William pensou que não existia um som mais agradável que este no mundo.

“Uhum. Você é muito pequenininha.” Sussurrou.

Ela parou de andar de repente, fazendo-o também refrear seus passos. Melanie virou-se na direção de William tentando não olhá-lo nos olhos, isso a intimidava bastante.

“Eu tinha apenas 5 anos quando uma garota da minha turma fez piada sobre o meu tamanho, sempre fui a menor entre os meus coleguinhas.” Ela sorria enquanto lembrava da infância, mas não conseguia compreender porque estava falando isso para ele, justamente ele.

William murmurou algo como “Previsível...”o que fez Melanie revirar os olhos, o fitando em seguida para continuar. Ele a observava atentamente.

“Então eu cheguei em casa chorando, felizmente meu pai estava por lá. Ele me pegou no colo perguntando insistentemente o que aconteceu e já estava quase ligando para a minha mãe quando resolvi dizer. Papai riu, o que me deixou meio nervosa de início...” Melanie riu com a cena formada em sua cabeça, segurando a ponte do nariz com dois dedos de sua mão também pequenina.

William sorriu concluindo que ela era mesmo toda pequenininha.

“E...?” Murmurou curioso para ouvir o restante da história, Melanie era uma ótima narradora.

“E então ele disse essa frase clichê: “São nos menores frascos que se encontram as melhores essências, querida.” Eu apenas pulei de seu colo indo brincar com uma de minhas bonecas sem entender muito aquilo, mas agora entendo.” Ela sorriu ao observar o espelho nos traços lívidos de Will.

“Posso concordar com seu pai, não posso?” Ele franziu o cenho.

O coração dela disparou, suas mãos suando frio.

Melanie não sabia o que responder, então apenas fitou o chão e brincou com os dedos de suas mãos. Will levou um de seus dedos ao queixo dela, levantando seu pequeno rosto para fitá-lo.

“Você é muito bonita, Melanie.” Ele suspirou ao falar, há quanto tempo observava aquela garota pelas costas sem ter coragem de enfrentá-la? Ela era intimidadora com seu tamanho mental bastante díspare em relação ao físico.  

“Hmm... Obrigada?!” Ela gaguejou com as bochechas pegando fogo.

Quando foi que se sentiu tão perdida por um par de pernas masculinas?  

“Te vejo amanhã na escola, boa noite.” Will sussurrou baixinho inclinando-se para depositar um beijo cálido na bochecha rosada de Melanie.

“Boa noite, Will.” Ela finalmente conseguiu formar uma frase sem tropeçar nas próprias palavras. William sorriu ao ouvir seu apelido saindo dos lábios dela.

Melanie acenou meio desconcertada e caminhou para atravessa a rua até sua casa, William esperava que ela o fizesse, observando-a atentamente. Cuidando dela.

Antes de fechar a porta Mel olhou para o outro lado da rua, o encontrando e sorrindo para si mesma com o coração martelando os pulsos frágeis. Ela queria poder ter coragem o suficiente para correr e beijar aqueles lábios carnudos como desejava.

Finalmente William voltou a caminhar em direção a sua casa na outra rua, agora Melanie quem vigiava seus passos. Ambos sorridentes, desconcertados com aquilo que crescia em seus pequenos corações.

Um amor puro, alimentado pelas simples coisas.

Eram apenas dois adolescentes apaixonando-se da maneira mais clichê e deliciosa que existia.

A maneira deles. 
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posted : domingo, 25 de dezembro de 2011
title : Outono Frio

Outono, Grã Bretanha, 1815.

O cantar dos passarinhos era gracioso naquela manhã de sábado, o cheiro das folhas caindo num outono frio fazia Elizabeth encolher-se entre os lençóis da enorme cama de casal em seu quarto quentinho, protegido. Sentiu o braço do marido a envolver por baixo do tecido de sua camisola fininha, puxando-a mais para si.

Suspirou satisfeita com um sorriso no rosto de boneca.

Casar-se cedo fora uma escolha propriamente sua, sem intervenção de seus pais que já estavam candidatando pretendentes nada agradáveis, mas Elizabeth sabia que sua outra face estava no elegante Henry Paltrow, comerciante e dono de seu cálido coração.

Apertou-se mais ao corpo esguio do marido, virando em sua direção apenas para fitar seus traços másculos que a intimidavam tanto. Em um ato ousado levou a mão ao rosto de Henry em um carinho delicado, quase invisível, ao traçar a linha de seu maxilar o despertando sem a mínima intenção.

Henry abriu os olhos esverdeados fitando a esposa calorosa distribuindo seu cuidado e não demorou a depositar um beijo em sua delicada mão. Elizabeth adornava todos os seus pensamentos com apenas seu olhar determinado, as duas íris chocolate o fitando com paixão fazendo seu coração duro partir-se em milhões de caquinhos.

- Bom dia, Sr. Paltrow – Murmurou sonolenta piscando fortemente os olhos, seus cílios tremelicando.

- Muito bom, Sra. Paltrow – Sorriu e depois levou a mão que antes acarinhava a pele leitosa de Elizabeth para acarinhar sua face de traços delicados, nariz pontudinho, boca de coração.

Henry depositou um beijo lânguido nos lábios quentinhos de Elizabeth a fazendo suspirar logo cedo ao sentir o sabor doce de ambos os lábios se tocando, suas bochechas branquinhas corando em lindos tons de vermelho.

- Vá buscar nossa preciosa, Beth – Seu marido disse com a voz rouca enquanto adorava seu corpo com as mãos fortes.

Elizabeth só pôde sorrir abertamente mostrando seus dentes branquinhos e perfeitos para depois levantar cada camada de lençol e caminhar em passos leves até o quartinho ao lado. A porta de madeira nobre estava encostada, o carpete do chão diminuindo o frio. Ela entrou bem devagarzinho podendo ouvir os sons desconexos que vinham do bercinho Moisés de madeira clarinha no meio do quarto.

Enquanto se aproximava já sabia que sua bebê estava bem acordada, os olhinhos de esmeralda fitando o teto com arte barroca, os anjinhos a distraiam facilmente. Seu corpo gordinho e cheio de dobras era gracioso, o rosto de bolinha, os cabelinhos dourados e ralos na cabecinha miúda... Tudo isso fazia Elizabeth e Henry tomarem grande tempo de seus dias juntos apenas para adorar esse ser minúsculo que conceberam.

- O que a Jane tanto olha, hmm? A mamãe pode saber? – Elizabeth tentou usar seu tom mais baixo para não assustar a sua linda bebê.

Jane fitou a mãe com um sorrisinho sem dentes no rosto que logo virou uma careta, denunciando seu choro por querer o colo. Elizabeth tratou de pegá-la delicadamente nos braços, a filha acalmou quando sentiu o cheiro do leite vindo dos seios de sua mãe.

- Está com fome, preciosa? – Perguntou debilmente enquanto ajeitava Jane em seu colo, a cabecinha apoiada em seu ombro, a camisola rosinha derramada no corpo da pequenina.

Como se quisesse responder, Jane resmungou com um som abafado pela pele branca da mãe, o rostinho na curvatura de seu pescoço, suas mãozinhas agarrando o cabelo castanho de Elizabeth.

- Mamãe sabe que a preciosa dela está com fominha, mas o papai da Jane quer muito vê-la, sabia? Vamos lá ver o papai, preciosa? – Elizabeth caminhava com Jane nos braços enquanto falava, entrando em seu grande quarto, indo até a cama sobre o dorsal gigantesco.

Assim que Henry fitou as duas se aproximando, sentou-se na cama para observar sua pequena Jane nos braços da linda mãe que a trazia com um sorriso no rosto de boneca.

- Bom dia, minha preciosa – Henry murmurou para Jane que logo mexeu o pescoço gordinho em direção à voz do pai.

Elizabeth entregou a filha ao marido, que beijou a testinha da bebê sem hesitar. Era sem dúvidas a melhor cena para se ver numa manhã de sábado, sua pequena família reunida, seus dois grandes amores juntinhos bem ali ao seu alcance.

- A preciosa do papai está resmungando... Com fome, princesa? – Ele riu quando Jane enfiou o dedinho gorducho entre seus lábios, a carinha de brava fazia o pai delirar com sua aparência tão evidente, ela era Elizabeth todinha.

- Já acordou pedindo mama, querido... Dê-me ela aqui – Elizabeth ajeitou uns travesseiros atrás de sua coluna, puxando a camisola branca para baixo e expondo os seios fartos pela amamentação.

Henry posicionou uma Jane faminta entre seu objeto de desejo e deixou que ela mesmo fizesse o trabalho, agarrando com força o seio da mãe que gargalhou de sua pressa.

Ele passou os dedos pelos fios ralinhos do cabelo de sua preciosa enquanto mamava no seio da sua querida esposa, do seu amor. Elizabeth fitou o marido deliciando-se com a cena em sua frente, sorrindo abobalhado. A mãozinha em punho de Jane estava posta sobre o seio da mãe, numa manha nítida que ela adorava.

Henry fitava suas duas preciosas, embasbacado. Ele finalmente tinha tudo que nunca havia sonhado em pedir, não nessa intensidade. Se aproximou da mulher e beijou seu ombro nu, fazendo um carinho leve nos cabelos de chocolate.

Era tudo de mais precioso que tinha... Suas preciosas.

Elizabeth apenas sorria enquanto alimentava sua filha de poucos meses, sentindo seu marido distribuir beijos por seu ombro e pescoço, sabendo que não existia nada mais perfeito do que aquilo.

Sua família preciosa.

- Eu te amo, Elizabeth – Henry murmurou no ouvido de sua esposa a arrepiando com o contato e a deliciando ao mesmo tempo.

- Também te amo, meu amor – Elizabeth continuava sorrindo ao sussurrar aquelas palavras das quais ambos tinham total e absoluto conhecimento.

E assim eles continuaram ali, imersos naquele dia frio de outono, onde eram constantemente atingidos por gotas do amor mais puro e delicado.


Comentários são mais do que bem vindos... Trouxe esse conto para adoçar o dia de vocês, então me contem o que acharam. É só clicar em "comentários" aqui em baixo e deixar a sua opinião.
Um beijo e ótima semana à todos!
Manu.
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posted : quarta-feira, 7 de setembro de 2011
title : broken hearts

Londres. Um pub qualquer. Frio. Heineken.

Duas pessoas desconhecidas, mas que tinham algo em comum: Um coração partido.

Já era a terceira cerveja da noite para Antony, no balcão daquele pub sujo, magoado e quebrado. Ele achava que poderia se afundar naquele líquido viril, só que estava enganando a si próprio.

A alguns minutos uma garota rompera a porta e sentara ao seu lado, incomodado e preocupado demais em mostrar-se forte, ele fez um grande esforço para não notá-la, que foi quase impossível pois os olhos dela – os olhos bem verdes dela – estavam vermelhos e sua expressão era de choro.

Estranho demais uma mulher em um pub, à essa hora da noite, sozinha e ainda chorando. Antony preferiu ignorar e continuou a engolir sua Heineken que descia queimando e abafando sua dor.

Ela tinha que chutá-lo dessa maneira? Tinha que dizer na sua cara tudo aquilo?

Eu amo outra pessoa, Antony. Sinto muito, você não sabe amar.

Você não sabe amar.

Aquelas malditas palavras soaram tão altas em sua mente que ele balançou a cabeça para expulsá-las. A garota ao seu lado causava um certo incômodo, ele não poderia se mostrar fraco.

Mallory não conseguia parar de pensar em como foi estúpida todo esse tempo, como não tinha percebido que ele estava tendo um caso?

Seus olhos marejaram novamente, então ela respirou fundo e pediu o mesmo que o cara ao seu lado estava bebendo. Quem sabe bêbada ela não fosse capaz de matar aquele a quem tinha dado tudo? Aquele a quem ela tinha dado o seu bem mais precioso... Seu coração.

Este, que se encontrava deploravelmente espatifado.

- O que deseja? – O rapaz do outro lado do balcão, com uma toalha suja estendida no ombro, questionou de forma rápida.

- Uma... – Ela deu uma olhadela no nome da cerveja do cara ao seu lado – Heineken.

Sua voz tinha saído incrivelmente rouca, Antony percebeu e foi incapaz de não se virar para aquela voz doce e tristonha.

Só agora ele pôde realmente visualizá-la. Cabelos castanhos, olhos incrivelmente verdes, maquiagem borrada. Apertava o sobretudo preto sobre seu pequeno corpo, parecia sentir um frio absurdo.

Mallory notou que estava sendo observada e encarou seu admirador, fitando-o com sarcasmo. Antony riu de sua expressão e ela arfou disfarçadamente com aquele som agradável, os olhos bem azuis dele grudaram nos seus, meio moles. Ele também parecia fraco.

- O que uma mulher como você faz nesse lugar? – Antony arriscou depois de dar um gole na cerveja gelada. Mallory lhe entregou um sorriso amarelo.

- Sendo chutada. – Falou sem pensar piscando forte e mordendo o lábio inferior. Sempre falando demais.

- Então brindemos. – Ele levantou a sua garrafa e apontou para a de Mallory que estava no balcão a um bom tempo, mas ela estava ocupada demais com olhos azuis para notar.

- Isso é uma piada, não é? – Então, pela primeira vez na noite, ela riu. Antony ficou sério, notando como o som de sua risada o provocava.

- Não. – O sorriso de Mallory se desfez e ela prestou bastante atenção em seus traços, ele também parecia frágil, só que não tanto quanto ela.

- Vamos brindar ou não? – Tentou descontrair, encostando seu joelho no dele, fazendo-o tremer com o contato.

- Claro. – Ele sorriu tirando o fôlego de Mallory, ela queria enfiar os dedos naquele cabelo desgrenhado.

Os dois seguraram suas garrafas, certos daquele poço de sensações.

- Aos nossos corações na mesa. – Antony falou e o barulho das garrafas trincando soou forte.

Mallory sentiu um aperto no coração, não só por ele, por ela também.

- Mallory. – Resolveu dizer logo o seu nome.

- Antony. – Sussurrou após beber mais da sua Heineken.

- É ótimo saber que não estou sozinha nessa. – Fez piada de sua própria desgraça, tomando de sua cerveja e experimentando o gosto da rejeição.

- Não, não está. – Antony disse com certa convicção, observando Mallory colocar uma mexa atrás de sua orelha e de repente ele quis fazer aquilo por ela.

Ela percebeu o olhar faminto dele em sua direção, o ar se tornando rarefeito. Tratou de engolir nervosamente boa parte do conteúdo daquela garrafa verde.

Ambos passavam em suas cabeças como diabos poderiam ser chutados daquele jeito. Mallory perguntava a si mesma qual a desequilibrada que fez isso com Antony e ele não parava de querer socar a cara do desgraçado que a tinha feito chorar.

- Quer ir para outro lugar? – Antony sussurrou, observando que o pub estava ficando mais cheio e desconfortável para uma dama.

Era a deixa certa para Mallory que nada disse, apenas assentiu com a cabeça e o acompanhou, admirando sua altura e divertindo-se com a camiseta nerd que ele usava. Seu cabelo apontava para todos os lados numa confusão adorável.

Passaram pela porta do pub e Mallory esfregava suas mãos, os graus a menos fazendo uma real diferença. Ela encostou-se à parede com tijolos vermelhos e tirou um cigarro da bolsa, ela precisava se acalmar e a presença daquele homem não estava ajudando.

Antony se aproximou com as mãos no bolso da calça, sorrindo e a admirando tragar seu cigarro com gosto.

- Quer um? – Mallory perguntou absorta em seus olhos azulados.

- Não. – Ele chegou mais perto, queimando os pulmões dela com seu cheiro misturado a nicotina.

Mallory não teve muito tempo para pensar e logo seu cigarro estava na mão dele.

- Eu quero o seu. – Então ele levou o cigarro até a porra dos seus lábios, tragando e fechando os olhos. Soltando a fumaça direto no rosto dela, entorpecendo-a.

Qualquer dor fora esquecida.

A única coisa que importava nesse momento eram os cabelos desgrenhados dele dominados pelas mãos delicadas de Mallory e a combinação incrível do cheiro de ambos com nicotina.

Antony não perdeu tempo em imprensar Mallory na parede do pub, jogando o cigarro em algum canto dali.

Suas mãos habilidosas seguraram a cintura fina dela e a puxaram mais para si. Completamente sóbrios, seus lábios se chocaram sem delicadeza, a língua de Antony enroscando-se com a de Mallory numa ferocidade única.

E lá estavam aqueles dois corações partidos, reconstruindo-se juntos.

Só que desta vez para nunca mais quebrar.


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posted : sexta-feira, 26 de agosto de 2011
title : seus olhos


Eu entendo quando você me olha. Eu entendo quando você não me olha.

Todos os meus segredos são revelados quando seus olhos encontram os meus.

Mas por que tanta confusão? Parece que tudo insiste em quebrar, em torna-se insignificante.

Meu coração não suporta quando você arruma um jeito de ir embora, um jeito de não me notar, um jeito de não... Olhar-me.

Teus olhos... Olham-me, teus olhos. Íris maciças da minha perdição.

Por que fazem de conta que não existo? Estes, os mesmos que me fazem perder a noção, dilaceram-me.

Não tente me entender... É melhor que eu te entenda.

Ou pelo menos finja que entendi, iluminando alguém especial.

A saudade.

E deixando para trás... Os teus olhos.

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posted : terça-feira, 28 de junho de 2011
title : outono-inverno

- Me diz o que você quer ouvir! Anda, diz! Só não finge que estava com aquela garota tentando me esquecer.

Alisson fechou os olhos com força, as lágrimas ameaçando cair. Ela não podia chegar mais perto, nem mais um milímetro, ou sabia que se renderia.

Ela sempre se rendia quando olhava naqueles olhos azuis que pareciam inundar sua alma.

- O que você quer que eu diga, Ali? Que esses oito meses foram fáceis sem você? Tudo por causa da sua teimosia idiota.

Tyler fechou as mãos em punho, controlando-se para não explodir ali mesmo. A hostilidade exagerada de Alisson os fizeram chegar onde estavam, era sempre assim. Gritos, desentendimentos, choros.

Mas existia uma ligação fora do comum entre os dois, era como se seus poros gritassem um pelo outro. Como se nada fizesse sentido sem as mãos dele a tocando ou sem os lábios dela tomando os dele com delicadeza, ruborizando e clamando por seu toques com veemência.

- Ali? Não me chame assim! Que porra de direito você acha que tem? - Ela caminhou para trás desgovernada, encostando na parede logo em seguida. - Teimosia idiota? Então eu fui a culpada, Tyler? - Cuspiu as palavras, rude.

Ele não suportou vê-la o chamando assim, utilizando rancor em meio a pronúncia rápida. Tudo que ele conseguia pensar era que Alisson estava magoada por não possuí-lo mais, só que o orgulho dela sempre fora maior do que tudo.

O que Alisson não sabia era que ela o possuía de todas as formas possíveis.

Ambos passavam mentalmente o sentido de estarem ali, justo hoje. Alisson não suportou saber que Tyler chamava a antiga namorada de "baby".

O que ele achava que era para dar o seu apelido a uma qualquer?

Ela não sabia porque tinha se afetado tanto com aquilo, já que estavam separados a muito tempo. No entanto o olhar dele era o mesmo, a queimando por completo em qualquer hora do dia.

- Não, Ali. – Ele repetiu o apelido que costumava chamá-la. Ela ofegou quando o viu aproximando seu corpo lentamente, quase a imprensando na parede fria da sala. Tyler foi surpreendido pelas batidas insistentes e barulhentas dela na sua porta, em plena madrugada. Quer dizer, quem o visitaria às duas da manhã? – Eu sei que fomos culpados. Nós dois.

Tyler fez tudo parecer mais real ao citar aquelas palavras, o cabelo desgrenhado e uma camisa velha que usava para dormir. Ele havia colocado a calça jeans antes de abrir a porta e Alisson começar a gritaria.

- Sim, nós fomos. – Ela falou mais branda, soltando o ar que prendia sem perceber.
A distância entre os dois diminuía a cada segundo.

- Então por que você vem aqui, a essa hora da noite, gritando e dizendo tudo o que eu já sei? – Tyler segurou as mãos dela em punho, Alisson foi incapaz de tirá-lo dali. Ele apertou os pulsos dela, como algemas, enquanto sua voz ficava rouca e descompassada. – Diz, Alisson.

Ele sussurrava perto do ouvido dela, causando arrepios notórios no corpo delicado da jovem. Seus olhos verdes o queimavam, duas grandes esmeraldas que ocuparam seus mais terríveis pesadelos nos últimos oito meses. E quando ele achava que estava curado desse vício... Lá estava ela novamente.

- Você estava com aquela vadia loira, Tyler! Você simplesmente deu motivos para ela pisar em mim e ainda cuspir que a chamou de baby! Sabe que isso... Isso... – Ela aumentou o timbre da voz, mexendo nervosamente nos cabelos castanhos. – Você sabe que isso não dá.

Ele sacudiu a cabeça em um não silencioso. Tyler odiava o fato de que garotas com quem ele ficava se vangloriavam por este fato medíocre. Mas ele sempre as comparava com Alisson, e isso o deixava frustrado. Por que diabos ele sempre teria que procurar aqueles grandes olhos verdes? E aquela pele branca e macia, aqueles cabelos castanhos...

- Eu fui um idiota. – Murmurou no ouvido dela, a fazendo sorrir orgulhosa. As mãos presas pelo aperto forte dele.

- Você é um idiota.

Tyler sorriu torto, fazendo o coração de Alisson falhar uma batida. Suas respirações descontroladas denunciavam o quão entregue eles estavam.

Só que mais uma vez o orgulho dela não a permitia.

- Quando você vai deixar de ser orgulhosa e me beijar? – Ele argumentou colando seu corpo ao dela, fazendo-a aspirar aquele cheiro específico dele. O cheiro de Tyler. Cheiro de paz, cheiro de mágoas, cheiro de lar, cheiro de carinho, cheiro de rispidez... Cheiro de amor.

- Nunca. – Alisson sorriu o derretendo.

- Minha garota. – Então Tyler acabou com qualquer barreira que poderia existir entre eles, encaixando seus lábios ao máximo, se apoderando de tudo que era dela. Ela era dele, sempre fora.

Sentir o sabor de hortelã, menta e cigarro de canela que se misturavam entre seu beijo era a forma que os dois tinham de se certificar daquilo.

E mesmo que eles tivessem se envolvido em outros relacionamentos, nenhuma pessoa poderia substituir aquela coisa avassaladora que os rondava. Aquele misto de carinho e excitação, de loucura e cuidado.

Eles eram únicos.

E foi quando os lábios rosados e inchados de Alisson se separaram dos de Tyler, ofegantes, eles se deram conta que não importava qual fosse o momento, sempre andariam em círculos. Um voltando de encontro ao outro.

- Então você me desculpa? – Perguntou meio desorientado, largando os pulsos de Alisson e se preparando para pegar o seu corpo pequeno no colo, como faziam antes.

Alisson não conseguia pensar em uma resposta coerente com aqueles olhos de um azul delicioso a fitando como se enxergasse sua alma. Ela apenas sorriu de soslaio, chocando-se contra Tyler, invertendo as posições.

Ela não estava ligando para as consequências, apenas preferia sentir a queimação típica que ele causava atritando em seu corpo delicado.

- Talvez. – Arqueou as sobrancelhas antes de envolver a cintura de Tyler com ambas as pernas, perdida em sensações.

Tyler sabia que o talvez de Alisson era uma maneira cheia de orgulho de expressar o que ela sentia. O que eles sentiam.

- Eu também amo você, Ali.

Sorriram cúmplices antes de se entregarem ao prazer mútuo, como se dependessem disso para sobreviver.

E tudo fora esquecido.

Agora eles se concentravam em pedir perdão um ao outro da maneira que mais gostavam.

Se amando.

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