irreparable dream
Sonhos de papel. @divineintention




posted : terça-feira, 23 de novembro de 2010
title : Descobrir.
Numa sexta-feira qualquer Claire Masen caminhava lentamente pelo corredor do colégio, de cabeça baixa e com os olhos um pouco inchados. Aquele dia fora com certeza um de seus piores. Claire tentara inutilmente declarar-se ao garoto de seus olhos, Bernard Campbal, invejado por toda e qualquer garota fútil daquele lugar. Mas com ela era diferente, Clarie não via em Bernard um peitoral bem definido ou braços musculosos... Ela observava em sua essência um grande homem. Contrariando a opinião de sua confidente e única melhor amiga, Jude Kooks. Já seu amigo Frederick Foster não se anunciava nem contra, nem a favor. Mas que ela enchia seus ouvidos com elogios do tal, ela enchia.

Mas enfim ocorreu a quebra desse inútil laço de amor platônico por Bernard. Claire tentou argumentar e dizer o que estava preso durante tempos em seu coração, mas a resposta dele havia sido: “Pode fazer a lição de biologia para mim na segunda? Obrigada, fofinha.” E agora ela estava quebrada. Dilacerada. Aos pedaços. Seu coração tinha se quebrado em milhões de caquinhos, e seus olhos já não suportavam mais lágrimas. Ela tinha duas opções: Ou ela chorava nos braços de Jude e acabava com o seu ego, ou ela chorava nos braços de Jude e acabava com o seu ego. Era Limitado, claro.

Claire disparou ainda de cabeça baixa, tateando o celular sem achá-lo no bolso esquerdo. Desistindo assim e se enfiando no banheiro mais próximo. Ali ela chorou os sete mares, e ainda um não existente. Quando a voz de sua amiga preenche o cômodo em breu: “Clarie? Você está aí? Claire? Pelo amor de Deus, onde você está? Claire?” Em algum momento Jude escutou o soluçar abafado, e invadiu a porta de onde sua amiga se encontrava. Cabisbaixa e chorando desesperadamente, Claire se atirou nos braços dela e se permitiu soluçar mais alto. Jude a acalmava com pequenos carinhos nos fios pretos e ondulados de Claire, enquanto seus lindos olhos verdes derramavam os oceanos.

Na primeira oportunidade, Jude questionou em um sussurro baixo: “O que aconteceu? Foi aquele idiota, não foi?” Claire, como era esperado, não respondeu apenas assentindo com a cabeça. Jude a apertou ainda mais forte, como se sua vida dependesse disso. E dependia. Consolar a sua pequena e delicada amiga era quase uma obrigação agora, vendo o seu lamentável estado. A amava tanto... Que se pudesse estaria em seu lugar. Após longos minutos, com Claire um pouco mais calma, ela disse: “Frederick te viu chorando pelos corredores, mas ele não podia entrar no banheiro feminino. Ele ficou tão preocupado, Claire... Ele te...” Jude parou a frase como se tivesse dito algo que não deveria. Dando sinal de vida, Claire levantou seus lindos olhos esverdeados para a sua amiga e sussurrou ainda com a voz embargada: “Ele me...?”

Jude a fitou nervosa, sem saber o que responder. Optou por não responder. Claire ainda a fitou por algum tempo até que desistiu, voltando a posição fetal inicial, enroscada nos braços dela. Ela iria descobrir o que Frederick queria. Seria algo com a sua mãe? Ela estaria doente? Claire precisava saber. Então levantou e sem dizer para onde ia, tomou o rumo do vestuário masculino, ainda com o rosto inchado. Avistou alguns meninos do time de basquete, e logo depois pôs os olhos em Bernard, sendo paquerado pelas garotas ao seu redor. Estúpida. Era isso que ela estava sendo. Mas Frederick interrompeu seu olhar, a abraçando sufocadoramente. Claire sussurrou em seu ouvido segundos depois: “O que aconteceu?”

A imensidão azul dos olhos de Frederick a fitaram, ela não estava entendendo aquilo tudo. Tão branquinha, tão delicada... Ele pensara. “É melhor eu perguntar: O que aconteceu, Claire?” Então ela entendeu aquela porcaria toda. Surto de preocupação exagerado de seus amigos. “Não foi nada...” Enxugou algumas lágrimas silenciosas que ainda corriam ali. Frederick sussurrou: “Jude me contou tudo, Claire. Não minta para mim.” Ela andou um pouco ainda nos braços de Frederick, sem perceber o aquilo causava nele. Suas mãos suadas, seu coração acelerado, seu exagero de olhares para Claire.

“Desculpe, eu...” Então ele a interrompeu com um dedo em seus lábios, sem saber o que aquilo causaria. Tanto para ela, tanto para ele. O coração de Claire acelerou de imediato. O que seria aquilo? Era só o seu melhor amigo... Com aqueles olhos azuis, com aquele dedo em seus lábios, com aquele cabelo bagunçado, com aquele cheiro inconfundível. De repente ela fungou, para aspirar ainda mais o cheiro impregnado de Frederick. “Claire... Tenho que te dizer uma coisa...” Ele sussurrou tão baixo que se não estivem tão próximos e com os olhos colados um no outro, ela não ouviria. Claire respondeu o seu sussurro sem nem acreditar que iria dizer aquilo mesmo: “Eu quero...Hm...Eu quero beijar você.”

Foi a deixa que precisavam. As mãos pequeninas e delicadas de Claire pousaram sobre o rosto bem desenhado de Frederick enquanto ambos descobriam sensações que achavam não existir. Ele a puxou para si num átimo, colocando os lindos e delicados lábios de Claire aos seus. Sentindo tudo aquilo que sentia ainda mais forte, não acreditando que seria ela a pedir. Fazendo com que o momento se tornasse único, perfeito. O momento deles.
Logo depois que ambos quebraram o beijo, se olharam nos olhos. Sentindo. Descobrindo. Um palpitar frenético de corações. Claire queria dizer algo, ela estava sentindo aquilo. Ela estava sentindo... Frederick limpa suas lágrimas ainda incrustadas no seu delicado rosto de boneca. Quando ela lembra e pergunta num sussurro: “O que você queria me dizer?” Ainda tímido, ele hesita. Mas pega novamente o rosto da jovem em suas mãos, causando um choque elétrico ao sussurrar: “Eu te amo.”

Então Claire soube o que estava sentindo... Amor.



Manuela M. Leal (@divineintention)
0 Comentários

0 Comentários:

Postar um comentário

Assinar Postar comentários [Atom]

<< Página inicial