irreparable dream
Sonhos de papel. @divineintention




posted : quarta-feira, 1 de dezembro de 2010
title : CONCEBIDOS PARA SER.
Numa tarde alaranjada do outono daquela linda e sorrateira cidade, Mandy vagava seus orbes de um azul indefinido à procura do seu amigo. Sem nada encontrar e já extasiada de sua procura, descansou. Aquele momento deveria ser diferente, ela pensara. Estava ali para fazer o que em tempos não lhe cabia a coragem, lhe dilacerava o coração. Ele dividia tudo para com ela, uma cálida garotinha com seus cabelos de um castanho mel, sua pele de uma branca cor porcelana inconfundível. Certas vezes até se perguntara se podia parecer invisível, sua cor a ajuda, sem dúvidas.
Aquilo tudo era uma simples amizade, daquelas que dividem canudos no refrigerante e que se dão dicas de vestuário inadequadas. Mas o que Mandy sentia agora não era apenas amizade, ela sabia. Ou pelo menos tentava. Todavia, não é o que dizem os romances? Coração acelerado, mãos suando, êxtase ao ouvir aquela voz. Ela estava apaixonada... Pelo seu melhor amigo. Como algo tão inútil acontecera? E quando ela se permitia tomar coragem, fraquejava pelo simples fato de temer a não reciprocidade.
Rudy Climm entrara em sua vida como um companheiro das atividades e dos trabalhos inacabados. Ele era tão doce que lhe causava suspiros, sua presença lhe causava um incômodo delicioso, que se pudesse sentiria este pro resto de sua existência.
Mas esse conto de fadas preenchido na mente dela fora rudemente cortado, apedrejado, dilacerado... Isso. Seu coração se encontrava dessa forma: Dilacerado. Fora um dia frio quando ele anunciara calmamente enquanto conversavam sobre a questão de seu cabelo ser feio ou não para as garotas. Mandy dissera tomando toda a coragem que tinha: “Para mim, não.” Rudy apenas sussurrara um “Eu te amo” que funcionou como uma bofetada no rosto pálido da menina. Porém não era aquilo que a perturbava agora, foi quando ele disse: “Vou me mudar mês que vem com a minha família para outro estado...” Mandy não permitiu seus ouvidos de escutar o restante. Isto já era demais. Demais para o seu pobre coração ferido.
E naquela noite ela nunca chorou tanto, dentre todas as outras noites. O que ela faria? E foi quando decidiu esquecer aquela porcaria de falta de coragem. Disse para si mesma que faria aquilo.
Agora se encontrava fraca. Ele não estava ali, onde Rudy estava? Ele fora embora? Já? Não pode ser possível... Foi quando aquela voz doce e rouca preencheu seu ambiente, fazendo-a corar antes mesmo de o olhar nos olhos. E quando o fez, quase teve uma síncope. Era possível estar mais bonito? O nome daquilo era perdição com aqueles cabelos bagunçados e com aqueles olhos verdes. Ah, aqueles olhos. Rudy chegou mais perto, a despertando do pequeno conto em sua mente: “Mandy? Você está vermelhinha ou sou eu que estou louco?” Ela rira constrangida, balançando a cabeça negativamente: “Rudy, seu bobo. Nós...” Então ela percebeu o que iria fazer e estacou. Ele sentou ao seu lado a olhando nos olhos com uma expressão engraçada: “Nós...?”
Ao olhar naqueles olhos, tudo fora esquecido. Ao pensar que poderia perdê-lo, num átimo, ela sussurrou: “Nós precisamos conversar.”
Rudy sorriu torto, a matando por dentro e continuou: “Estou aqui.”
“Eu te amo.” Mandy falou e logo se arrependeu, quem começa uma conversa com eu te amo?
“Eu também.” Ele respondera ainda sem alterar suas feições bonitas.
“Deus! Eu não consigo fazer isso, Rudy. Me desculpe... Eu tenho medo e...”
“Medo de que? Sou eu, Rudy. Seu melhor amigo. Conte-me o que houve, pequenina.” Depois daquilo Mandy tomou coragem. Algo cresceu em seu peito ferozmente, ela finalmente diria aquilo. Finalmente.
“Promete que não vai me odiar? Não responda. Nós não podemos ser amigos...” Ela dizia o olhando nos olhos e ele ficou sério. Como se as palavras fossem um choque.
“Não pensei que as coisas acabariam assim, Mandy. Vou continuar mantendo contato com você, não precisa deixar de ser minha amiga. Como vou viver sem esse sorriso?” E aquela era a deixa que Mandy precisava.
“ Digo, não podemos ser amigos porque... Porque droga, eu estou apaixona...” O dedo indicador de Rudy pousou em seus lábios. Ela tremeu. Aquilo seria a rejeição? Seus olhos começaram a marejar.
“Sou tão egoísta de chegar a esse ponto, Mandy... De deixar você me falar isso... Eu não tive coragem, você parecia tão frágil, nossa amizade era tão perfeita, não queria que as coisas mudassem, mas mudaram. E agora estou aqui me sentindo culpado por você estar dizendo isso, enquanto eu teria dito desde o momento em que te vi pela primeira vez...” Rudy dizia tudo tão rápido e tão nervoso que não parecia verdade. Era um sonho, não era? Droga, ela iria acordar logo. Melhor aproveitar enquanto tudo está perfeito. O lado menos nobre de Mandy ressaltou. E ela sussurrou: “Cale a boca, Rudy. Por favor... Me beije.”
Ela não poderia pedir algo mais impulsivo. Era o que ele esperava, o que eles precisavam. Enquanto Mandy se via sem o que fazer, Rudy a tomou pelos braços e ela fechou os olhos delicadamente. Os lábios se tocaram, os corações aceleraram e de repente tudo se acalmou naquele cálido beijo de descoberta.

Era como se os dois fossem... Concebidos para ser.


1 de dezembro de 2010. Manuela M. Leal(@divineintention)

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