posted : terça-feira, 18 de janeiro de 2011
title : Just say three words
O calor iria matar alguém a qualquer momento, era um verão incrível para os amadores de sol e praia, mas não para a indiferente Manuela, sempre descontente com a realidade que a cercava. A janela estava um pouco aberta, por lá passando uma boa quantidade de vitamina C pura para a pele alva da menina de incríveis olhos castanhos e cabelos acobreados, divididos entre um tom pastel nas pontas e mais acastanhados na parte superior. Ela lia um livro meio submersa das coisas no momento, perdida em pensamentos obscuros e difusos, sonhadores em sua maior parte. Sofia. Ela com certeza não sabia da sua importância, afinal Manuela nunca fora boa com as palavras e era esse o motivo da sua melhor amiga a compreender, por olhares. Olhares bastavam para elas se entenderem. O livro fora fechado, ela precisava da sua amiga. Uma mensagem de texto, a solução. “Na livraria da esquina em 15 minutos, alguma objeção? Espero uma resposta, Manuela.” Não se passaram nem dois minutos e o celular deu um bip indicando nova mensagem. “Nenhuma. Estarei lá. Um beijo, Sofia.” Reforçando: Manuela realmente não era boa com as palavras. Com passadas rápidas como se fugisse da polícia, Sofia chegou a livraria em poucos minutos. O sol estava de matar, como sempre está nessa época do ano. Esse era o ruim de morar no Nordeste. Mas ela não se importava nenhum pouco com o sol esquentando sua cabeça. E sim com a sua amiga. Sofia sempre se preocupou demais com suas amizades. Isso não iria mudar agora. Ainda mais quando ela sentia que algo estava errado. Algo sempre está errado, afinal. Sentou-se no meio-fio da calçada e esperou. Os minutos pareciam intermináveis. Até que ela viu pés parados na sua frente. Levantou a cabeça. Era ela: Manuela. "O que foi, Manu?" Perguntou a garota. Qualquer outra pessoa acharia que estava impaciente, pelas palavras que usou. Mas Manuela conhecia a amiga muito bem para saber que ela estava preocupada. Seu tom de voz e a cabeça meio inclinada para o lado não mentiam. "Nada" Falou. Nada significava tudo. “Ande logo, conte-me o que foi que aconteceu.” Sofia insistiu. Uma brisa fresca bateu nas duas naquele momento, assanhando o vestido com bolinhas de Manuela e bagunçando um pouco os fios ondulados de Sofia. “Vamos entrar.” Manuela se resumiu. As garotas entraram na livraria e buscaram um lugar bem distante de pessoas para se sentarem. Sofia analisou o rosto cabisbaixo de Manuela e resolveu esperar. Ela sabia que o silêncio a incomodava. “Pare de me olhar como se eu tivesse cometido um pecado, Sofia Isbelo.” Disse a menina pequena. “Agora sim, a minha Manuela.” Sorriu vitoriosa. “Não vou repetir, você sabe o que tem de fazer.” Direta. Mas um dos motivos para que Manuela a escolhesse entre todas as outras, Sofia era única com aqueles cabelinhos pretos e ondulados e aquele sorriso branquinho. “Não sei como começar isso, droga.” “Comece pelo começo, oras.” Sofia sempre quebrava o gelo. “Tudo bem, sua engraçadinha.” Manuela mostrou a língua ligeiramente para sua amiga num ato tão infantil que a fez corar segundos depois por vergonha. “Você gosta de muffin sabor chocolate?” Mentiu. “Gosto, mesmo sabendo que não é isso o que você quer falar, Manu.” Ela sorriu, mostrando nela a confiança de que Manuela precisava. E segundos depois ela ouviu o que jamais esperaria de sua amiga. “Eu te amo.” Ela falou em bom e alto som. Pela primeira vez Sofia não sabia o que dizer, chama-se “Efeito Manuela” nas pessoas. Era isso que ela causava. “Eu te amo.” Sofia repetiu sorrindo, abraçando a pequenina meio desajeitada. E assim as duas ficaram por longos minutos, abraçadas. Manuela a amava tanto que não cabia no seu peito, ela não saberia como viver sem essa garota que a compreendia de tal forma e que a tirou dos seus lugares obscuros. Ela precisava dizer isso para Sofia, como se aquilo a tornasse mais real. Na verdade, Manuela queria se certificar de que não estava sonhando. Nota das autoras: Esse texto é uma parceria unânime com a minha Sofia (@soisbelo) e está disponível também em seu blog maravilhoso, aqui. Esse conto foi feito por mim e pela Manuela (@divineintention), a propósito: Eu amo você. Como eu te amo, Sofia. Marcadores: baby, Just, just say three words 0 Comentários |
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