irreparable dream
Sonhos de papel. @divineintention




posted : terça-feira, 1 de fevereiro de 2011
title : baby, show me.


“Sonhos. Todos os têm. Alguns bons, outros ruins . Alguns tentam realizá-los, outros, tentam esquecê-los, ou simplesmente fingem que eles não existem. Alguns de nós, têm apenas pesadelos. Mas não importa o quanto você sonhe... De manhã, os sonhos são interrompidos, a realidade insiste em interrompê-los.” (Gossip Girl)



Fazia exatamente duas horas que a senhora Rarb estava ensinando aquela menininha das feições delicadas a preparar cupcakes. Catherine passava mentalmente qual o sentido de fazer aulas de culinária se ela nunca precisaria cozinhar na vida, mas aquele internato britânico ridículo mantinha como matéria obrigatória e ela realmente necessitava de pontos extras no seu histórico escolar nada animador.
Mas aquela garota do rosto cálido não era o que aparentava ser.
Catherine Currie tinha tudo. Diversas mansões em diversos países, closets que se separavam por griff, as festas mais descoladas, as amigas mais submissas... Aquela garota poderia jogar milhões de euros pela janela e nada lhe faltaria.
Ao mesmo tempo em que tinha “tudo”, Catherine não tinha nada.
Seus pais não a olhavam nos olhos, viviam em reuniões de trabalho. Fora criada por serviçais que não podiam lhe negar nada.
O resultado disso era uma menina mimada, que se achava a dona da verdade, manipuladora, linda e rebelde. Mas não passava de uma vazia por dentro, uma sem coração.
– Já entendi, Sra. Rarb. Podemos continuar amanhã? Estou exausta. – Catherine era obrigada a ser educada com professores hipócritas.
– Mas a senhorita não conseguiu nem preparar a massa ainda e falta pouco pa... – Ela a cortou.
– Não. Amanhã. Até mais, Sr. Rarb. – E saiu da sala como se nada tivesse acontecido.
Tudo o que ela queria agora era a sua banheira com sais de lavanda no seu dormitório individual. O único por ali. Uma das vantagens do seu pai promover viagens aos alunos do Foster High School.
– Cath! Aí está você! – Jude ofegava enquanto caminhava na direção de Catherine, que não estava com ânimo algum em recebê-la.
– É uma miragem, Jude.
– Oi para você também, mal humor. – Jude sorria encarando ela, que desviava daquele gesto que lhe dava náuseas.
– Estou cansada e não vou cheirar com você hoje, já disse que aquele dia foi um erro. Boa noite, Jude.
– Não estou pedindo para você se drogar, só queria te avisar caso não tenha checado seus emails que chegou um novato lindo de morrer no Foster hoje. Dizem que ele foi transferido de Londres por conta da conduta ilícita descoberta.
– Nossa, está bem informada. Quer ser comida por ele, é? – Catherine sorriu sem humor querendo por um fim naquela conversa idiota. Seus olhos verdes como esmeraldas precisavam se fechar por uma noite inteira, pelo menos. Aquele uniforme de filme pornô estava dando nos nervos, ela se sentia enforcada pela gravata listrada e aquela blusa de botões estúpida. Sem deixar de mencionar uma saia de stripper.
– Está sendo ridícula, você sabe. Quem vai querer ser comida por ele não será eu. Espere só até vê-lo. Vou adorar cuspir na sua cara de boneca um “eu te avisei”. – Jude riu sarcasticamente abrindo os dois primeiros botões da blusa e afrouxando a gravata.
Catherine passou a mão pelos cabelos castanhos e cumpridos, num gesto de descaso e nervosismo. Abriu a porta do seu dormitório e fechou sem deixar Jude falar nenhuma palavra.
O que ela pensa que é? Essa vadiazinha de merda.
Preparou um banho relaxante em sua banheira imperial, tentando esquecer sua vida inútil.
No dia seguinte o relógio da cabeceira despertou 8hs, já estava na hora de levantar. Enquanto vestia aquele uniforme ridículo Catherine pensava no novato. O que ele havia aprontado para estar nesse internato de interior onde só ficavam filhinhos de papai drogados?
Ela saberia. Era sua carência do dia. Ela queria saber.
Enquanto caminhava pelo refeitório no seu par de Louboutin rendados, avistou seu círculo de amizade recente. Conversavam animados provavelmente planejando o que fariam para não assistir as próximas três aulas seguidas de Filosofia do Sr. Gibus.
Todos a olharam nos olhos, alguns garotos tirando proveito da sua saia curta demais. Mas um rosto ali não lhe era conhecido. Um rosto intimidador, de cabelos bagunçados e acobreados. Um olhar degustador, quase proibido em sua direção. Olhos indefinidos.
– Bom dia, bitch. – Looris dizia tentando chamar sua atenção, mas seus olhos não desviavam dos dele. Cercado por garotas mais novas o babando.
– Como é o nome? – Ela falava sem desviar os olhos.
– Que nome, Cath?
– Do novato. – Catherine foi rápida, desviando o olhar abrasador. Looris era uma imprestável.
– Henry. Formidável, não?
– Eu diria gostoso. De onde esse Deus saiu? – Essa pergunta era mais para si mesma.
Ela queria provocar. Atiçar. Descobrir. E o fez.
Passou rebolando sutilmente os quadris por Henry, deixando um rastro do seu perfume por onde passava.
Ele ficara hipnotizado, o que era aquela garota? Aqueles olhos de gato o mirando. Essas menininhas babacas que o cercava não chegavam aos seus pés. Linda. Um misto de delicadeza e mistério. Ela era perfeita para ele.
Seu perfume caro demais o deixou impregnado, ele observava atônito seu rebolar atrevido. Já estava ficando animadinho. Henry sabia o que faria nas próximas três aulas de Filosofia.
Catherine deu um sorriso vitorioso quando ouviu os passos incertos a seguindo e parou de repente em um corredor sem saída ao ouvir aquela voz rouca a chamando.
– Catherine, não? – Henry questionou observando ela se virar para ele, conferindo de perto a beleza irreal daquela garota. Pele branca, cabelos castanhos soltos, rosto com maquiagem pesada, olhos verdes matadores.
– Pelo visto as coisas correm rápido por aqui, não? – Catherine rebateu. Ela queria jogar.
– Me falaram que você era letal. Que fama de matadora, em? Deixe-me adivinhar... – Tamborilou os dedos no queixo fingindo estar pensando – Você é uma vadia vazia.
Inicialmente Catherine se assustou com aquele veredito, mas não deixou transparecer. Ele queria jogar, não queria?
– E você... Hmm... Deixe-me pensar... – Ela gemeu, o provocando – Um viciado?
Henry sorriu malicioso, ela era realmente perfeita. E o fitava como se quisesse comê-lo com os olhos.
– Na verdade o meu colega de quarto armou para mim. Colocou êxtase no meu armário, o inspetor não foi compreensivo... Sabe como é... Não sou nenhum santo. – Ele foi sincero. Catherine gostava disso e sorriu.
– Oh, não me diga que é a vítima da história. Hmm?
– Em parte. E você? – Henry chegava mais perto dela, exalando calor entre os poros, a deixando sem reação como nunca havia ficado.
– O que tem eu? – Ela se odiou por gaguejar um pouco, não era hora para fraquezas. Ela estava jogando. Ou achava que estava.
– Tudo. – Ele disse soprando seu hálito quente e doce no rosto de Catherine, a fazendo fechar os olhos involuntariamente.
Não precisaram dizer mais nada.
Os dedos de Henry se imiscuíram nos cabelos de Catherine, enquanto ela passava os dois braços pelo seu pescoço agarrando seu cabelo acobreado em punho. Os corpos se tocaram com um conhecido choque elétrico, porém estranho para pessoas desconhecidas.
Antes de selarem aquele acordo, abriram os olhos ofegantes sem sequer tocarem os lábios um no outro.
Se olharam intensamente, se comunicando. Permitindo-se.
Então os lábios se chocaram, em um beijo nada delicado. Exprimindo desejo, luxúria, fogo. Catherine pegou uma das mãos de Henry e levou para debaixo de sua saia, tocando o interior de suas coxas. Ele parou percebendo o que estavam fazendo no meio de um corredor deserto.
– Não. – Disse enquanto Catherine não acreditava no que estava ouvindo. Ele estava a rejeitando?
– Por que? – Falou ofegante o olhando nos olhos.
– Quero ir devagar com você. – Disse ele sem rodeios.
– O que aconteceu com o “vadia vazia”? – Ela falou sorrindo sentindo seu coração disparar, logo ela que achava não possuir um.
– Agora você é a minha vadia vazia. – Sussurrou.
Catherine não acreditava no que seus ouvidos a transmitiam.
Pela primeira vez na vida não sabia o que responder.
Então o beijou sofregamente. Conversando com ele, se entregando sem utilizar palavras. Aquele estranho era sua única certeza agora.
Henry estava com o coração querendo sair do peito, ele estava fazendo aquilo. Entregando os pontos. Sendo dominado por aquela que seria a sua perdição.
E ela mesma sussurrou em seu ouvido:
– Apenas sua vadia vazia.

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9 Comentários

9 Comentários:

Às 1 de fevereiro de 2011 às 15:00 , Blogger Sofia I. disse...

Vai escrever bem assim no meu blog.

 
Às 1 de fevereiro de 2011 às 15:07 , Anonymous @Juliana_bs disse...

Só poderia ser quem? Minha amiga, claro! *-*
Amei o ''Bitch'' Hehehe #adoro
Iloveyou♥

 
Às 1 de fevereiro de 2011 às 15:10 , Blogger Manuela disse...

Oh, garotas. Vocês que são perfeitas. Muito obrigada.

 
Às 2 de fevereiro de 2011 às 08:06 , Blogger Unknown disse...

Amiga vei, eu sou sua fã! Hehehe.
Só passei aqui pra dizer o que eu te digo todos os dias: Você escreve bem demais! Um beijo e quando postar de novo me avise. Hahahaha, te amo.

 
Às 2 de fevereiro de 2011 às 10:52 , Blogger Unknown disse...

Manu, seu blog tá lindo! Parabéns.

 
Às 2 de fevereiro de 2011 às 14:46 , Anonymous Manuela disse...

Obrigada a todas! Vocês me inspiram.

 
Às 12 de fevereiro de 2011 às 05:07 , Anonymous Anônimo disse...

Sinto-me envergonhada por nunca ter lido esses seus textos tão bem escritos. Meus parabéns, Manu, você escreve e descreve muito bem, seu texto prende a atenção. Ganhou mais uma leitora.

 
Às 16 de fevereiro de 2011 às 10:53 , Anonymous Manuela disse...

Lua, você não sabe o tamanho do meu sorriso agora. Ser admirada pela @Incontida é mais do que eu posso suportar. Muito, muito obrigada. De coração.

 
Às 10 de julho de 2011 às 18:55 , Anonymous Laryssa disse...

Só tenho uma coisa pra dizer: UAU! O seu texto é super bem escrito, simplesmente adorável. Ah, eu imagino a Catherine como a Kristen. Hehehe

 

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