irreparable dream
Sonhos de papel. @divineintention




posted : quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011
title : Difficulties


"A palavra não foi feita para enfeitar, brilhar como ouro falso. A palavra foi feita para dizer." Graciliano Ramos.

Chuviscava naquela tarde avermelhada de setembro em New York, um mês diferente dos outros. O mês da primavera, das flores. Elizabeth Dalas era apaixonada por flores e metáforas da natureza, uma jovem doce, das íris chocolate, da pele alva e do rostinho corado. Mas naquela menina tão linda de feições cálidas imperava a insegurança, o medo da rejeição. Lizzie não sabia como lidar, especialmente, com o universo masculino. Milhões de vezes Angela tentara ajudar a amiga com seus conselhos confusos que de nada adiantaram, ela continuava a mesma teimosa, impaciente e imperativa.
Lizzie andava sorridente pela NYU com Angela a tiracolo, em seus braços haviam quatro livros grossos empilhados um nos outros e ela nem sentia o peso enquanto tagarelava animadamente.
– O meu professor do segundo curso é tão agradável, Ang. Pensei que nas Universidades os professores seriam carrancudos como aqueles que a gente vê nos filmes... – Ela intercalava olhares para frente e para Angela.
– Agradável? Isso realmente tinha que sair da sua boca idiota, Lizzie. Meu professor do quinto curso é um pedaço inteiro de mal caminho... Mas ele é casado acredita? Será que é aquele tipo de casamento aberto e... – Angela fora interrompida por Elizabeth.
– Não seja tola, Angela Augustha!
– Nunca fale o meu segundo nome aqui, Elizabeth! Ninguém precisa saber que os meus pais estavam chapados quando me fizeram.
– Oh, não exagere sua...
Lizzie fora interrompida por um baque audível com outro corpo, lançando todos os seus livros no chão. Ela praguejou baixo de olhos fechados tentando adivinhar que tipo de pessoa se bateria nela, logo ela! Uma caloura! Isso seria algum trote? Não, não poderia.
Ela imediatamente abaixou para recolher os livros que permaneciam no chão, mas fora interrompida por dois braços fortes. Oh, merda. Um homem. Que ótimo, Elizabeth. Você acabou fazer doutorado em merda. Onde estaria Angela? Por que ela não vinha aqui e acabava logo com isto?
Lizzie começou a tremer de nervosismo quando ouviu uma voz forte e máscula soar.
– Perdão, me perdoe. Não foi a minha intenção... Como é o seu nome? – Ela arrepiara com o tom direcionado e se encolheu discutindo mentalmente com o seu cérebro para parar com essas sensações.
– Como não foi sua intenção? Ninguém se bate em alguém por acaso. E respondendo a sua pergunta: Não te interessa. Agora você pode se retirar, por favor? Muito obrigada. – Lizzie estava nervosa e por pouco não gaguejou quando encarou aquela imensidão verde de seus olhos, ele era sem dúvidas lindo. Mas ela não tinha tempo para isso. Catou os livros desajeitada e rapidamente, saindo sem olhar para trás.
Angela surgiu das trevas e agarrou o braço da amiga a repreendendo.
– Que diabos foi aquilo? – Ela quase gritara.
– Você pode falar baixo, Augustha?
– Cale a sua boca estúpida e me explique por que diabos você agiu daquela forma com o Deus do sexo. O que você tem na cabeça, Elizabeth Dalas?
– Não tenho tempo para isso. – Lizzie falou respirando fundo, evitando encarar a amiga. Ela estava mentindo e sabia disto.
– Você sabe que está mentindo.
– Sei.
– Mas você gosta de mentir para si mesma e é uma estúpida.
– Vai procurar alguém para se te aturar, Ang. Dai-me a paz.

E dessa forma os dias se passaram.

E a primavera se fora.

O verão deu lugar ao abismo de Elizabeth. Ela nunca mais havia encontrado ele.
Quem era ele, afinal?
Ela não fazia idéia.

Mas saberia. Ah, se saberia.

As possibilidades daquilo acontecer eram inexistentes, porém acontecera. Foi rápido. Num instante Lizzie caminhava tranquilamente pelos corredores vazios da NYU com o objetivo de consultar a professora de Literatura Estrangeira do 6° período, no outro eles já estavam se batendo enquanto ela revirava os olhos de confusão.
– Só nos encontramos assim, hmm? – Ele sussurrara com uma proximidade considerada “assustadora” por Elizabeth.
Então ela finalmente pôde o observar bem. Sentia-se uma megera por ter utilizado o adjetivo “lindo” para aquela criatura. Era quase um insulto. Ele era perfeito com aqueles cabelos bagunçados e rebeldes que a faziam ter vontade de entrelaçar os dedos por ali, e os seus olhos... Um continente próprio dentro de duas órbitas verdes indefinidas.
Sentiu seu rosto esquentar. Tinha alguns minutos que ela não falava.
– Obrigado por lembrar... Você sabe... De... Te pedir desculpas... Hmm... Por aquilo. – Gaguejou.
– Tyler, e não precisa se desculpar. A culpa foi toda minha. – Ele sorriu, iluminando o ambiente.
– Elizabeth, mas pode me chamar de Lizzie. E foi sim minha culpa, não diminua o crime. – Falou rindo, tentando puxar a tensão que imperava entre os dois corpos.
– Oh, claro que sim Lizzie. Sua criminosa. – Ele riu também, uma deixa completa.
– Hmm, e qual seria a minha punição seu guarda? – Lizzie provocou o olhando nos olhos e mordendo os lábios. Ela estava mexendo com fogo e não sabia.
Tyler observou a reação de Elizabeth para com ele. Ela estava corada, tão linda, tão... pura. O provocando desse jeito, ele não podia se segurar. Mas havia essa necessidade, Tyler nunca sentiu algo assim. Olhando nos olhos dela, aquelas íris chocolate que mandavam mensagens subliminares para ele. Eles embalavam juntos naquela conversa silenciosa e misteriosa.
Então Tyler soube o que queria fazer.
Experimentar.
– E eu poderia te punir sem falar? Te punir de um jeito mais criativo... Eu poderia te mostrar. Não poderia?
Lizzie arrepiou. Todas as suas terminações nervosas gritavam, sumiam. Viraram pó no mesmo instante em que os dedos dele tocaram o seu rosto delicado. Imiscuíram-se em seu cabelo. Ela estacou percebendo o que Tyler estava fazendo.
– Eu... Hmm... Não sei bem... – Ambos ofegavam em altas temperaturas tal era a proximidade dos corpos.
– Oh meu Deus, Lizzie. Desde o dia em que eu te vi naquele pátio eu quis fazer isso. Desde o momento em que você me rejeitou e agiu daquela forma eu soube que era você. É você.
Ele não precisava falar mais nada. Precisava? Lizzie estava complemente derretida em seus braços fortes. Tyler a imprensou em uma das colunas do corredor antes de colar os lábios nos dela. E quando o fez a impaciência dos dois chegava a ser audível.
Mas ele foi lento e delicado, como uma flor desabrochando dolorosamente na primavera.
Elizabeth estava perdida.
Sabia que estava.
– Então você está me dizendo que aquele “tropeço” foi proposital? – Disse ofegante, ainda com os lábios inchados por conta do beijo. Tyler intercalava olhares entre o respirar afável dela e os seus olhos tão lindos.
– Sim. Eu falei que fui o culpado... Você não tem culpa de ser assim tão linda. – Sussurrou no ouvido dela a fazendo corar em todos os tons de vermelho.
– Oh, você é que merece uma punição. – Lizzie arqueou a sobrancelha num tom claro de provocação enquanto maltratava o lábio inferior com os dentes.
– Aceito a minha sentença, senhorita.

E assim eles voltaram para mais um jogo de provocações.

Eterno.

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1 Comentários

1 Comentários:

Às 18 de fevereiro de 2011 às 19:45 , Anonymous @Juliana_bs disse...

AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH manuela, um dia você me mata *---* Perfeição amiga, puts!

 

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