irreparable dream
Sonhos de papel. @divineintention




posted : terça-feira, 28 de junho de 2011
title : outono-inverno

- Me diz o que você quer ouvir! Anda, diz! Só não finge que estava com aquela garota tentando me esquecer.

Alisson fechou os olhos com força, as lágrimas ameaçando cair. Ela não podia chegar mais perto, nem mais um milímetro, ou sabia que se renderia.

Ela sempre se rendia quando olhava naqueles olhos azuis que pareciam inundar sua alma.

- O que você quer que eu diga, Ali? Que esses oito meses foram fáceis sem você? Tudo por causa da sua teimosia idiota.

Tyler fechou as mãos em punho, controlando-se para não explodir ali mesmo. A hostilidade exagerada de Alisson os fizeram chegar onde estavam, era sempre assim. Gritos, desentendimentos, choros.

Mas existia uma ligação fora do comum entre os dois, era como se seus poros gritassem um pelo outro. Como se nada fizesse sentido sem as mãos dele a tocando ou sem os lábios dela tomando os dele com delicadeza, ruborizando e clamando por seu toques com veemência.

- Ali? Não me chame assim! Que porra de direito você acha que tem? - Ela caminhou para trás desgovernada, encostando na parede logo em seguida. - Teimosia idiota? Então eu fui a culpada, Tyler? - Cuspiu as palavras, rude.

Ele não suportou vê-la o chamando assim, utilizando rancor em meio a pronúncia rápida. Tudo que ele conseguia pensar era que Alisson estava magoada por não possuí-lo mais, só que o orgulho dela sempre fora maior do que tudo.

O que Alisson não sabia era que ela o possuía de todas as formas possíveis.

Ambos passavam mentalmente o sentido de estarem ali, justo hoje. Alisson não suportou saber que Tyler chamava a antiga namorada de "baby".

O que ele achava que era para dar o seu apelido a uma qualquer?

Ela não sabia porque tinha se afetado tanto com aquilo, já que estavam separados a muito tempo. No entanto o olhar dele era o mesmo, a queimando por completo em qualquer hora do dia.

- Não, Ali. – Ele repetiu o apelido que costumava chamá-la. Ela ofegou quando o viu aproximando seu corpo lentamente, quase a imprensando na parede fria da sala. Tyler foi surpreendido pelas batidas insistentes e barulhentas dela na sua porta, em plena madrugada. Quer dizer, quem o visitaria às duas da manhã? – Eu sei que fomos culpados. Nós dois.

Tyler fez tudo parecer mais real ao citar aquelas palavras, o cabelo desgrenhado e uma camisa velha que usava para dormir. Ele havia colocado a calça jeans antes de abrir a porta e Alisson começar a gritaria.

- Sim, nós fomos. – Ela falou mais branda, soltando o ar que prendia sem perceber.
A distância entre os dois diminuía a cada segundo.

- Então por que você vem aqui, a essa hora da noite, gritando e dizendo tudo o que eu já sei? – Tyler segurou as mãos dela em punho, Alisson foi incapaz de tirá-lo dali. Ele apertou os pulsos dela, como algemas, enquanto sua voz ficava rouca e descompassada. – Diz, Alisson.

Ele sussurrava perto do ouvido dela, causando arrepios notórios no corpo delicado da jovem. Seus olhos verdes o queimavam, duas grandes esmeraldas que ocuparam seus mais terríveis pesadelos nos últimos oito meses. E quando ele achava que estava curado desse vício... Lá estava ela novamente.

- Você estava com aquela vadia loira, Tyler! Você simplesmente deu motivos para ela pisar em mim e ainda cuspir que a chamou de baby! Sabe que isso... Isso... – Ela aumentou o timbre da voz, mexendo nervosamente nos cabelos castanhos. – Você sabe que isso não dá.

Ele sacudiu a cabeça em um não silencioso. Tyler odiava o fato de que garotas com quem ele ficava se vangloriavam por este fato medíocre. Mas ele sempre as comparava com Alisson, e isso o deixava frustrado. Por que diabos ele sempre teria que procurar aqueles grandes olhos verdes? E aquela pele branca e macia, aqueles cabelos castanhos...

- Eu fui um idiota. – Murmurou no ouvido dela, a fazendo sorrir orgulhosa. As mãos presas pelo aperto forte dele.

- Você é um idiota.

Tyler sorriu torto, fazendo o coração de Alisson falhar uma batida. Suas respirações descontroladas denunciavam o quão entregue eles estavam.

Só que mais uma vez o orgulho dela não a permitia.

- Quando você vai deixar de ser orgulhosa e me beijar? – Ele argumentou colando seu corpo ao dela, fazendo-a aspirar aquele cheiro específico dele. O cheiro de Tyler. Cheiro de paz, cheiro de mágoas, cheiro de lar, cheiro de carinho, cheiro de rispidez... Cheiro de amor.

- Nunca. – Alisson sorriu o derretendo.

- Minha garota. – Então Tyler acabou com qualquer barreira que poderia existir entre eles, encaixando seus lábios ao máximo, se apoderando de tudo que era dela. Ela era dele, sempre fora.

Sentir o sabor de hortelã, menta e cigarro de canela que se misturavam entre seu beijo era a forma que os dois tinham de se certificar daquilo.

E mesmo que eles tivessem se envolvido em outros relacionamentos, nenhuma pessoa poderia substituir aquela coisa avassaladora que os rondava. Aquele misto de carinho e excitação, de loucura e cuidado.

Eles eram únicos.

E foi quando os lábios rosados e inchados de Alisson se separaram dos de Tyler, ofegantes, eles se deram conta que não importava qual fosse o momento, sempre andariam em círculos. Um voltando de encontro ao outro.

- Então você me desculpa? – Perguntou meio desorientado, largando os pulsos de Alisson e se preparando para pegar o seu corpo pequeno no colo, como faziam antes.

Alisson não conseguia pensar em uma resposta coerente com aqueles olhos de um azul delicioso a fitando como se enxergasse sua alma. Ela apenas sorriu de soslaio, chocando-se contra Tyler, invertendo as posições.

Ela não estava ligando para as consequências, apenas preferia sentir a queimação típica que ele causava atritando em seu corpo delicado.

- Talvez. – Arqueou as sobrancelhas antes de envolver a cintura de Tyler com ambas as pernas, perdida em sensações.

Tyler sabia que o talvez de Alisson era uma maneira cheia de orgulho de expressar o que ela sentia. O que eles sentiam.

- Eu também amo você, Ali.

Sorriram cúmplices antes de se entregarem ao prazer mútuo, como se dependessem disso para sobreviver.

E tudo fora esquecido.

Agora eles se concentravam em pedir perdão um ao outro da maneira que mais gostavam.

Se amando.

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3 Comentários

3 Comentários:

Às 28 de junho de 2011 às 14:47 , Anonymous Giulia disse...

Muito bom. Sério. Adoro seus textos.
Também escrevo, mas eles não se comparam aos seus. Continue assim (:
Nesse texto, tanto o jeito como você escreveu quanto a história, me cativaram. Parabéns.

 
Às 28 de junho de 2011 às 16:39 , Anonymous Anônimo disse...

Inspirada em mim. Claro.
Felipe Macedo)

 
Às 5 de janeiro de 2012 às 13:17 , Anonymous Bruna Lobato disse...

Manu, que lindo!
Foi o meu favorito disparado!
Adorei a história, os personagens, o seu jeito de escrever... Tudo!
Únicos, com certeza. Lindos.
Amei, parabéns Manu!

 

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