irreparable dream
Sonhos de papel. @divineintention




posted : sexta-feira, 4 de maio de 2012
title : Now you do

Era possível alguém se apaixonar perdidamente por olhos dourados?


Melanie contestava-se há exatas duas semanas desde que colocou seus olhos chocolates nos dele. Aquela cor específica que a retraia, modificava as sinapses dos seus neurônios e fazia suas glândulas linfáticas trabalharem em dobro.

Seu coração? Fora perdido.

William Ginsberg estava a poucos metros da pequena garota que o admirava, com fones nos ouvidos e cantarolando alguma melodia animada. Melanie sorriu involuntariamente ao fitá-lo sem que ele percebesse, observando seu particular jeito de distrair-se nas horas vagas.

Ela logo sacudiu a cabeça e tirou seus olhos daquela linha perigosa. Tudo de que menos precisava era distração. Garotos significam distração exorbitante, ela já estava abalada por vários outros motivos, não precisava de mais um.

Voltou seus olhos ao livro que lia, ou fingia ler. Seus pensamentos insistiam em canalizar por outra linha de raciocínio.

Eles se conheciam a um tempo relativamente curto e trocaram poucas palavras significativas, mas o coração de Melanie disparava dolorosamente quando os olhos de William a atingiam por algum motivo cortês.  
   
Então naquela aula estranha da tarde ele sentou ao seu lado enquanto a fazia ficar desconfortável em sua cadeira. Ela apenas ajeitou seu braço para anotar algo em seu caderno colorido e sua pele roçou na dele, os pelinhos curtos dali ficando arrepiados com o contato.

Trocaram um breve e importante olhar. As bochechas de Melanie rosaram imediatamente.

Mas no final da aula, já era noite quando ela fazia a trajetória de volta para casa escutando folk rock pelos fones presos em seus ouvidos quando um deles fora puxado bruscamente. Ela ficou inicialmente assustada e então olhou para trás, seu coração falhando uma batida ao encontrar aqueles lindos olhos dourados.
Melanie sorriu timidamente até que ele soltasse um riso abafado pelos lábios e dissesse algo.

“Este não é lá um caminho muito confiável para uma garotinha estar andando à noite.” William se perdeu nos olhos chocolates de sua garota.

Sua garota. Ele gostava de como soava.

“Oh, sim” Exclamou Melanie ainda tomada pela vergonha.

Um pouco de silêncio, barulho de carros e cascalho depois.

“Hmm, então eu sou uma garotinha?” Ela fez uma careta adorável, Will sorriu torto observando como seu pequeno nariz se contorceu.

“É, sim. Ou pelo menos aparenta ser... Você entende, toda essa coisa de tamanho e tudo mais...” Ele apressou os passos para ficar ao lado dela, Melanie caminhava um pouco rápido demais para pernas tão curtas.

“Está me chamando de pequena?” Melanie riu.

William pensou que não existia um som mais agradável que este no mundo.

“Uhum. Você é muito pequenininha.” Sussurrou.

Ela parou de andar de repente, fazendo-o também refrear seus passos. Melanie virou-se na direção de William tentando não olhá-lo nos olhos, isso a intimidava bastante.

“Eu tinha apenas 5 anos quando uma garota da minha turma fez piada sobre o meu tamanho, sempre fui a menor entre os meus coleguinhas.” Ela sorria enquanto lembrava da infância, mas não conseguia compreender porque estava falando isso para ele, justamente ele.

William murmurou algo como “Previsível...”o que fez Melanie revirar os olhos, o fitando em seguida para continuar. Ele a observava atentamente.

“Então eu cheguei em casa chorando, felizmente meu pai estava por lá. Ele me pegou no colo perguntando insistentemente o que aconteceu e já estava quase ligando para a minha mãe quando resolvi dizer. Papai riu, o que me deixou meio nervosa de início...” Melanie riu com a cena formada em sua cabeça, segurando a ponte do nariz com dois dedos de sua mão também pequenina.

William sorriu concluindo que ela era mesmo toda pequenininha.

“E...?” Murmurou curioso para ouvir o restante da história, Melanie era uma ótima narradora.

“E então ele disse essa frase clichê: “São nos menores frascos que se encontram as melhores essências, querida.” Eu apenas pulei de seu colo indo brincar com uma de minhas bonecas sem entender muito aquilo, mas agora entendo.” Ela sorriu ao observar o espelho nos traços lívidos de Will.

“Posso concordar com seu pai, não posso?” Ele franziu o cenho.

O coração dela disparou, suas mãos suando frio.

Melanie não sabia o que responder, então apenas fitou o chão e brincou com os dedos de suas mãos. Will levou um de seus dedos ao queixo dela, levantando seu pequeno rosto para fitá-lo.

“Você é muito bonita, Melanie.” Ele suspirou ao falar, há quanto tempo observava aquela garota pelas costas sem ter coragem de enfrentá-la? Ela era intimidadora com seu tamanho mental bastante díspare em relação ao físico.  

“Hmm... Obrigada?!” Ela gaguejou com as bochechas pegando fogo.

Quando foi que se sentiu tão perdida por um par de pernas masculinas?  

“Te vejo amanhã na escola, boa noite.” Will sussurrou baixinho inclinando-se para depositar um beijo cálido na bochecha rosada de Melanie.

“Boa noite, Will.” Ela finalmente conseguiu formar uma frase sem tropeçar nas próprias palavras. William sorriu ao ouvir seu apelido saindo dos lábios dela.

Melanie acenou meio desconcertada e caminhou para atravessa a rua até sua casa, William esperava que ela o fizesse, observando-a atentamente. Cuidando dela.

Antes de fechar a porta Mel olhou para o outro lado da rua, o encontrando e sorrindo para si mesma com o coração martelando os pulsos frágeis. Ela queria poder ter coragem o suficiente para correr e beijar aqueles lábios carnudos como desejava.

Finalmente William voltou a caminhar em direção a sua casa na outra rua, agora Melanie quem vigiava seus passos. Ambos sorridentes, desconcertados com aquilo que crescia em seus pequenos corações.

Um amor puro, alimentado pelas simples coisas.

Eram apenas dois adolescentes apaixonando-se da maneira mais clichê e deliciosa que existia.

A maneira deles. 
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