posted : quarta-feira, 29 de maio de 2013
title : Aurea Mediocritas
Todas as histórias são sobre
finais felizes, amores eternos, romances épicos, perdões e sorrisos. Essa é uma
história diferente, uma história cheia de defeitos, singularidade, reflexões e
lágrimas.
Eles eram totalmente opostos. Ela
era séria, ele brincalhão. Ela amava com o coração inteiro, ele tinha vários
espaços para serem preenchidos ainda. Eles se completavam.
E, na desventura poética de se
viver, eles se encontraram. Eles se desentenderam, conversaram, se resolveram e
brigaram outra vez. Eles não eram nada clichês, seus beijos públicos eram raros
e seus pensamentos eram particulares e efêmeros.
Mas, mesmo assim, eles se
completavam.
Na noite fria, ela se encolhia ao
lado dele e ouvia seu doce cantarolar para afastar os pesadelos que a
tempestade trazia. No silêncio seus olhares se comunicavam. Na luz seus abraços
se uniam. No escuro seus corpos conversavam. Na troca de insultos, um beijo. Na
violência de gestos, palavras.
Ele sabia exatamente o que dizer
para que ela deixasse seu sorriso arrogante de lado e corasse, envergonhada, só
para ele. Não havia nada mais sublime que aquele brilho nos olhos dela
transmitindo amor, irradiando carinho e cuidado. Ele adorava fazê-la se sentir
única.
Ela conquistou cada pedacinho do
coração dele, preenchendo aos poucos. Ela amava imiscuir os próprios dedos
naquele cabelo rebelde, pois sabia que ele ronronava como um gatinho
satisfeito. Ela conhecia cada cantinho de sua mente, cada mania, cada defeito.
E foi em um dia chuvoso que esse
amor ficou nublado, vazio, aos pedaços.
Há quem diga que um minuto pode
mudar 23 horas e 59 minutos. Foi o que aconteceu.
Ela saiu correndo pela chuva que
camuflou perfeitamente suas lágrimas de decepção, ele até chegou a persegui-la,
mas ficou para trás. As palavras que trocaram foram como adagas afiadas,
dilacerando todas as outras lindas palavras, versos, poemas e músicas ditas
anteriormente.
O poder de um minuto.
Carregavam todos os dias o peso
de um fardo, de um coração quebrado.
Será que dessa vez seria para
sempre?
Eles se evitavam socialmente,
mesmo que seus corpos estivessem gritando pela presença um do outro, pelos
toques, pelas palavras de reconciliação. Ela pedia em seu sono uma chance para
os dois. Ele passava as noites em claro planejando como faria para tê-la de
novo em seus braços.
Foi naquele dia, no choque de
seus corpos dentro do elevador do hospital. A mãe dela estava internada e, como
conhecedora dos fatos e humana vivida, planejou para que os dois viessem visita-la
no mesmo momento.
O que faríamos sem um
empurrãozinho?
Seus olhos se conectaram quase
automaticamente, podia se ouvir o som do clique. Ela esqueceu de onde estava e
para que estava ali. Ele só se perguntava o porquê de terem demorado tanto para
aceitar a realidade.
O destino sempre acaba os unindo.
Ou as mães internadas, que seja.
- Se eu te perdoar, você vai
fazer tudo outra vez. Não vai? – Ela questionou após sentir a aproximação dele,
os andares passando numa lentidão estúpida.
- Não posso prometer não cometer
erros, mas posso prometer estar sempre disposto a ajoelhar – Ele fincou um
joelho no chão -...pegar a sua mão... – Segurou com delicadeza uma das mãos
pequenas dela, que arfou em resposta -...e pedir desculpas.
Os olhos dela marejaram e ela se
chutou mentalmente por ser tão fraca. Mas a vida faz de nós uns fracos,
errantes e prepotentes, para que possamos perdoar e sermos perdoados.
- Hmmm – Ela também ajoelhou,
nivelando seu olhar com o dele e sentindo seu coração saltar irregular dentro
do peito – E eu posso prometer, quem sabe, sempre estar disposta a perdoar.
Eles trocaram um olhar carregado
de significados, seus corações voltando aos lugares corretos.
E seus lábios se tocaram, tímidos
e receosos, para depois reconhecerem a familiaridade e se deixarem levar.
- Os meus melhores beijos serão
seus – Ela sussurrou colando a testa na dele, fazendo-o levantar e puxá-la no
colo. Seus braços se fecharam ao redor dela, protegendo-a.
- Será que você pode prometer
nunca mais fugir de mim, não importa o que eu diga? – Ele murmurou baixinho,
ouvindo o soar do elevador chegando ao andar desejado.
Para aquilo ela não tinha
resposta. E nem ele queria uma.
Os erros têm que existir para que
possamos nos arrepender, para nos tornarmos ainda mais humanos. São os erros que
nos fazem singulares e especiais.
São os erros que alimentam o
amor, são as lágrimas que alimentam a esperança.
Sorrisos? Apenas brindes da
felicidade.
E eles sabiam disso.
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2 Comentários:
Lindo texto!
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